Episódio 1: Laura

1. Sequência de vídeos e fotos de Laura se preparando na Oscar Freire e na av. Paulista

Uma mulher se prepara para fazer algo nas calçadas. Não sabemos quem é nem o que vai fazer. Ela está de roupão e roupa curta por baixo. Apenas partes do corpo são mostradas.

Entra voz off: «Desde o meu nascimento, minha mãe diz que eu tinha pelo no corpo inteiro. E na família, era uma brincadeirinha que rolava na escola, que eu era um macaco…»

Cena 2. Vinheta

Cena 3. Entrevista com Laura na Av. Paulista.

Ela faz a mesma performance da Rua Oscar Freire, enquanto conta sobre sua relação com os pelos nas adolescência.

Laura: «Eu sempre fui muito cabeluda e isso é um problema né, porque se você não começa a se depilar desde a adolescência quando você tá ali junto com as suas amigas naquele ambiente escolar, se você não se depila você já é estranha né? Vc já tem uma característica que te afasta das pessoas. Todas as minhas amigas se depilavam e minha mãe não deixava eu me depilar.

E eu tinha a perna muito peluda. Não era deformado igual era agora, que nasce todo desgovernado, uns meio grossos, outros finos. Aqui não nasce mais. Mas era isso, eu comecei a me raspar escondido da minha mãe. Aí pronto, quando a mãe libera vc assume. Eu nem lembro se ela liberou ou não, mas lembro que uma hora eu comecei a me depilar.

Eu lembro de, às vezes, estar com um ou outro pelinho na axila. Sabe, quando começar a nascer? Que nasce um, aí eu ia lá e tirava com a pinça. Às vezes, eu deixava aquela meia dúzia de fiozinho, já vinha algum menino via na camiseta larga, falava: nossa que isso? Ou zuava porque eu descoloria o bigodinho: ah, você tem o bigode loiro!

E tinha uma mulher no bairro, que na casa dela ela fazia depilação, e aí eu ia lá junto com uma amiga uma vez por mês. Mas a perna eu mesma que fazia em casa, sempre fiz. Comprei aqueles aparelhos roll-on e eu mesma fazia. Aí ia na mulher pra depilar a virilha e o bigodinho.

4. Cena de Laura na sala de depilação

Laura grava sua depilação e a depiladora acha estranho que ela grave sua dor. Elas conversam. A depiladora pergunta por que Laura não estava indo mais e ela conta de seu experimento.

Elas conversam sobre situações que já passaram por conta de pelos. A depiladora também comenta sobre situações que vivenciou com maridos de clientes.

5. Entrevista com Laura na av. Paulista

E eu queria criar um programa performativo pra mim. E eu falei: é isso. O que é difícil pra mim, fazer? É ficar peluda. Então, pronto. É isso que eu tenho que fazer. Vou ficar peluda o máximo de tempo que eu conseguir. Porque eu tenho esse padrão dentro de mim. Eu cresci sem querer ter pelos. É ressignificar essa relação minha com os meus pelos. Por que eu não posso ter pelos? Qual o problema de eu ter pelos na minha axila? Por que os homens podem e todas as mulheres tão sempre depiladinhas? Por que eu levantar minha axila com pelos gera susto, nojo?

Tinha uma época que eu fazia sobrancelha, fazia a unha, ficava toda depiladinha. Mas é uma questão de me aceitar como eu sou, mesmo. A minha sobrancelha não é perfeitinha e eu gosto dela assim. Eu também não faço mais escova,eu adoro o meu cabelo cacheado.

Eu tenho um sobrinho de 3 anos de idade que olhou minha axila e falou: eca! De onde vem esse nojo de uma criança de 3 anos? A única resposta que eu consegui ter é por que ele nunca viu uma mulher com pelo na axila.

Mas eu tenho liberdade com isso. Não acho que você tem que falar nunca mais vou me depilar e pronto. Tanto é que agora eu to me depilando. Mas eu gosto de me depilar na rua porque eu quero que essa ação se torne pública. Eu acho que as pessoas precisam ver isso. Parece que não é nada. A gente precisa discutir um pouquinho sobre isso. Quando e u quero eu me depilo. Quando eu não quero eu não me depilo.

Até vou aproveitar para contar uma história… Eu tenho uma irmã que é o contrário de mim e ela diz: «A Laura tem os pelos fora do lugar. Mas, peraí, meus pelos não estão fora do lugar, eles estão nos lugares onde eles nasceram!

Mas peraí! Meus pelos não estão fora do lugar. Eles estão nos lugares que eles nasceram! Eu acho engraçada essa expressão pq revela a naturalização da questão. Meus pelos não deveriam estar aqui pra nossa sociedade, eles não deveriam estar aqui. Mas eu adoro eles! Hoje eu gosto desses pelos, eu acho lindo os pelos da minha axila.

6. Sequência de vídeos de Laura performando.

Último vídeo da sequência é o da Praça Roosevelt, à noite, em que as pessoas interagem com ela. «Por que homem pode e mulher não?»

Áudio vai abaixando e cena continua. Entra voz off dela explicando sobre sua performance.

Laura: «É um modo que eu diria um veículo pra tocar as pessoas de um outro modo, que não seja somente verbal. Eu não sei o que essas pessoas que vem uma ação dessa, o que pensam? O que pode gerar? E isso que é interessante na arte. Cada um que visualiza isso aqui enxerga de um jeito. Claro que eu não quero que as pessoas achem que isso é uma propaganda de depilação, porque está bem longe de ser. Mas se alguém se interessar, a gente vai gerar uma discussão, a gente pode fazer com que a pessoa pense numa coisa que ela nunca pensou antes na vida dela. Esse é o poder da arte: de sensibilizar as pessoas. A arte toca por todos os sentidos. É ser político sem ser ativista, utilizando a linguagem artística.

«É simples, é literal: eu estou tornando a questão pública».

Episódio 2: Juno

Cena 1: noite, bar, externa
É noite e Juno está caminhando pela rua de um bairro boêmio, movimentado. Acompanhamos primeiramente apenas algumas partes de seu corpo e roupa. Tênis, acessórios, alargador, cabelo, uma parte da camiseta que não deixa saber ao certo se tem seios.

Voz off com alguns questionamentos mais genéricos sobre ser homem / mulher.

Ele chega na mesa de um bar, onde amigos o esperam.Vemos, de longe, eles se cumprimentando. Até aqui, tudo é construído para mostrar como se fosse um rapaz indo ao encontro de seus amigos. Enquanto os amigos conversam, riem e bebem cerveja, som do bar, da conversa e da rua vai diminuindo. Tudo é filmado de longe para criar um suspense e para não deixar escancarada a presença da barba.

Vinheta da websérie

Cena 2: dia, sala de Juno, interna
Entrevista com Juno em sua casa, realizada em 2015. Ele comenta sobre o que o levou a pensar na questão de ser trans.

Insert com sequência de fotos animada da evolução até 2015.

Também fala do desejo de ter barba.

Cena 3: dia, sala de Juno, interna

Juno procura sobre Minoxidil na internet. Não o vemos, pois a cena será recriada hoje.

Sequência de trechos de propagandas de Minoxidil e vídeos de tutoriais no youtube mostrando como aplicar.

Volta à cena dele comentando sobre algum vídeo que serviu de referência.

Cena 4: dia, quarto de Juno, interna

É 2015 e Juno está passando Minoxidil em frente ao espelho, contando como passa o produto. Em off, Juno conta sobre efeitos colaterais: enjoo nos dois primeiros meses. Pelos começam a crescer, mas muito pouco, ainda ralo.

Sequência de fotos animadas mostrando a evolução até 2018.

Cena 5: noite, bar, externa

Voltamos ao bar e ouvimos Juno conversando com seus amigos sobre como foi esse processo de ter barba. Dessa vez, estamos mais próximos, conseguimos ver nitidamente Juno e seus amigos conversando. Vemos detalhes deles também. Momento de deixar a conversa acontecer.

Episódio 3: Keity

1. Povo fala com pessoas na praia respondendo sobre depilação.

2. Vinheta

Episódio 4: Júlia

1. Sequência de imagens de pessoas olhando as axilas peludas no metrô.

2. Vinheta
3. Entrevista com Júlia, em sua casa. Ela começa falando sobre quando começou a se depilar.

No meu colégio, começaram as «coisas de menina». Eu lembro que uma vez eu peguei a maquininha da minha mãe e eu me depilei. E eu nem tinha pelo pra depilar. Eu não depilei porque meus pelos estava me incomodando. Eu me depilei pra ser aceita.

Episódio 5: Lana

Cena 1: Lana na sessão de depilação a laser

Vinheta

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